Modernidade líquida é o termo usado pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman para definir o tempo presente, também chamado de pós-moderno por alguns sociólogos e cientistas sociais.
A associação com o líquido vem do fato de que a sociedade atual seria, segundo Bauman, marcada pela liquidez, volatilidade e fluidez. As relações e acontecimentos não são feitos para durar, são rápidos, estão em constante mudança e não conservam sua forma por muito tempo.
O conceito da modernidade líquida contrasta com o da modernidade sólida, presente nas sociedades até a primeira metade do século XX.
A modernidade sólida foi marcada pelo excesso de ordem, repressão, dureza e regulação. É também característica da modernidade sólida a aceitação de autoritarismo e violência para garantir a estabilidade, a regra e a ordem, tanto na vida social e emprego quanto nas instituições sociais.
Bauman afirma que na modernidade sólida, as estruturas, as regras, as instituições sociais, os comportamentos e as ações sociais eram rígidas, inflexíveis e duras. O mundo, as pessoas e instituições eram todos cheios de certeza e buscavam sempre a ordem e a dureza.
Já a modernidade líquida, para Bauman, seria uma nova época de incertezas, sinais confusos, mudanças rápidas e imprevisíveis. Segundo o sociólogo, a sociedade da segunda metade do século XX em diante seria mais emancipada em relação às anteriores.
A sociedade passou a ser mais livre, mais ligada aos seus próprios desejos e sonhos. Passou a encarar a vida e as ações de maneira mais leve, com mais liberdade, mais possibilidades de experimentação e menos amarras.
No entanto, Bauman aponta que essa nova forma de comportamento social e toda a liberdade adquirida não garantem, automaticamente, alegria, felicidade ou satisfação. A responsabilidade dos atos e das decisões tomadas recai diretamente sobre os indivíduos e passa a ser fundamental compreender as consequências das ações.
O polonês afirma também que essa nova configuração social aflora o individualismo, a volatilidade e fluidez das relações. A busca pelo sucesso e felicidade torna-se individual e muitas vezes solitária, porque os indivíduos passam a crer que depende exclusivamente de suas ações individuais.
Além disso, a busca pelas realizações é contínua, porque tudo torna-se muito rápido e passageiro. Assim como um líquido, é impossível manter as estruturas, ações e decisões nas mãos por muito tempo.
Para Bauman, em tempos de modernidade líquida, as únicas certezas da sociedade são, em primeiro lugar, a convicção de que tudo vai mudar a qualquer momento e que tudo na verdade, não passa de incerteza, pois nada mais é rígido e definido.
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A modernidade líquida apresenta algumas características que permitem identificá-la com mais facilidade:
Em tempos de liquidez, os relacionamentos não são feitos para durar, sejam eles amorosos, profissionais ou pessoais. Os vínculos são frágeis e podem romper-se a qualquer momento.
A tendência ao isolamento também é uma característica dos relacionamentos modernos e, para Bauman, esse comportamento estimula a falta de sensibilidade e empatia com o outro e o enfraquecimento também dos laços de solidariedade.
Ao mesmo tempo que a facilidade do encontro entre pessoas é maior, a insegurança, o medo e a certeza de rapidez também torna-se maior e mais frequente. Bauman defende a ideia de que os laços entre as pessoas, atualmente, se dão em rede. Assim, os relacionamentos passam a ser chamados de conexões e podem ser feitos, desfeitos e refeitos a qualquer momento.
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A modernidade líquida também define um novo modelo para o funcionamento do poder e da política. O Estado perde força e espaço na execução de uma série de serviços, que passam a ser dominados pelo setor privado. A responsabilidade por algumas tarefas passa a ser inteiramente do indivíduo. A busca pelo sucesso individual colabora para o fortalecimento da ideia de empreendedorismo privado de sucesso.
A rapidez e insegurança influenciam o consumo, a facilidade de crédito, a manutenção do status, a rapidez na realização das compras, que por sua vez colaboram para o endividamento crescente da população. A instabilidade no mercado, política e empregos impossibilitam a realização de planos a longo prazo.
Bauman cita que uma geração cada vez mais escolarizada tem acesso a um trabalho cada vez mais instável e precarizado. O termo proletariado é trocado por Bauman pelo termo precariado.
Cada indivíduo luta pelo sucesso e crescimento pessoal em um mercado cada vez mais instável e fluido. A pressão, a instabilidade, a fluidez e o individualismo colaboram para a sensação de mal-estar e fracasso crescente nas sociedades.
As relações de consumo atuais são marcadas pelo excesso, pela rapidez e pela obsolescência constante
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(Disponível em: <https://sociologiareflexaoeacao.files.wordpress.com/2015/07/cena-cotidiana-autor-desconhecidofacebook.jpg>. Acesso em: 20 abr. 2016.)
Leia o texto a seguir.
O avanço do uso de novas tecnologias de informação e comunicação altera as relações sociais, os hábitos cotidianos e os costumes das pessoas, especialmente nas grandes cidades. Um exemplo é a crescente utilização da Internet, das redes sem fio, dos celulares e smartphones tanto em pesquisas escolares como nos espaços privados e públicos. Nos trens, nos ônibus e nas ruas, o uso dessas tecnologias se multiplica e se transforma quase em uma regra, relegando àqueles que não os usam como comportamentos “fora dos padrões”.
(Adaptado de: OLIVEIRA, L. F.; COSTA, R. C. R. Sociologia para jovens do século XXI. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2013. p.250-254.)
Com base na charge, no texto e nos conhecimentos sociológicos sobre os efeitos da expansão das novas tecnologias de informação e comunicação nas relações sociais, assinale a alternativa correta: