Nos laboratórios podemos preparar soluções através da dissolução de uma certa quantidade de massa de soluto em uma determinada quantidade de solvente. Quando preparamos uma solução contendo uma massa pequena de soluto (no estado sólido), podemos verificar que o volume da solução é aproximadamente igual ao volume da água (solvente) adicionado.
Para um bom entendimento, vamos adotar o índice 1 quando estivermos nos referindo ao soluto, o índice 2 quando indicarmos o solvente, e os valores referentes à solução não terão índices. A tabela a seguir mostra como será a representação das massas.
Massa | Soluto | Solvente | Solução |
Representação | m1 | m2 | m |
O conhecimento das quantidades de soluto, solvente e solução nos permite estabelecer algumas relações matemáticas, denominadas concentração das soluções.
Existem dois modos de calcular a concentração das soluções que serão apresentadas a seguir. A diferença principal entre eles é a unidade de concentração utilizada.
É a relação entre a massa do soluto e o volume da solução e podemos escrever do seguinte modo:
C = (massa do soluto)/(volume da solução)
C = m1/V
Onde m1 é a massa do soluto (em g), V é o volume da solução (em L ou mL) e C é a concentração comum. A unidade de medida que utilizamos nesse caso para a concentração é g/L, g/mL, …
A seguir veremos na prática como podemos calcular a concentração comum de uma solução utilizando a fórmula ou apenas através da regra de 3.
Exemplo 1) Determinar a concentração, em g/L, de uma solução de nitrato de potássio (KNO3), sabendo-se que ela encerra 60 g do sal em 300 mL de solução.
Resolução:
I) Utilizando a regra de 3. Pelo próprio significado de concentração, temos:
300 mL de solução - contém 60 g de soluto (KNO3)
1000 mL (1 L) de solução - x
x = 1000.60/300 → x = 200 g de soluto dissolvidos em 1 L de solução
C = 200 g/L
II) Dessa vez, utilizando a fórmula, temos:
C = m1/V → C = 60 g/0,3 L → C = 200 g/L
Neste caso, temos a relação entre o número de mols de soluto e o volume da solução (em litros):
ℳ = número de mols do soluto/volume da solução
ℳ = n1/V
Sabendo que n1 = m1/MM1, podemos escrever a equação acima do seguinte modo:
ℳ = m1/(V.MM1)
Onde n1 é número de mols de soluto (em mol), V é o volume da solução (em L), MM1 é a massa molar do soluto e ℳ é a concentração molar. A unidade de medida que utilizamos nesse caso para a concentração é mol/L ou molar ou M.
A seguir um segundo exemplo de como calcular a concentração molar de 3 modos diferentes.
Exemplo 2) Determinar a concentração em mol/L de uma solução de iodeto de sódio (NaI), que encerra 45 g do sal em 400 mL de solução.
Dado: massa molar do NaI = 150 g/mol.
Resolução:
I) Cálculo da quantidade de iodeto de sódio em mol, através da regra de 3:
150 g de NaI - 150 g de NaI
45 g de NaI - n1
n1 = 45.150/150 → n1 = 0,3 mol de NaI
Pelo próprio significado de concentração:
400 mL de solução - contém 0,3 mol de NaI
1000 mL (1 L) de solução - x
x = 1000.0,3/400 → x = 0,75 mol/L
ℳ = 0,75 mol/L
II) Pelas fórmulas:
n1 = m1/MM1 → n1 = 45/150 → n1 = 0,3 mol
ℳ = n1/V → ℳ = 0,3/0,4 → ℳ = 0,75 mol/L
III) Pela fórmula mais direta:
ℳ = m1/(V.MM1) → ℳ = 45/(150.0,4) → ℳ = 0,75 mol/L
Temos as seguintes definições realizadas anteriormente:
(I) → C = m1/V
(II) → ℳ = m1/(V.MM1)
Se dividirmos (I) por (II) obtemos:
C = MM1 x ℳ
Agora, outro exemplo para fixarmos bem essa diferença entre as unidades de concentração.
Exemplo 3) Qual é a concentração molar (mol/L) de uma solução aquosa de etanol (C2H6O) de concentração igual a 4,6 g/L? (massa molar do etanol = 46 g/mol)
Resolução:
Podemos resolver esta questão aplicando a seguinte fórmula:
C = MM1 x ℳ → 4,6 = 46 x ℳ → ℳ = 0,10 mol/L
n1 = m1/MM1
C = m1/V
ℳ = n1/V
ℳ = m1/(V.MM1)
C = MM1 x ℳ
João Usberco e Edgard Salvador. Química Volume único. Editora Saraiva.
Os acidentes de trânsito, no Brasil, em sua maior parte são causados por erro do motorista. Em boa parte deles, o motivo é o fato de dirigir após o consumo de bebida alcoólica. A ingestão de uma lata de cerveja provoca uma concentração de aproximadamente 0,3 g/L de álcool no sangue. A tabela a seguir mostra os efeitos sobre o corpo humano provocados por bebidas alcoólicas em função de níveis de concentração de álcool no sangue:
(Revista Pesquisa FAPESP no 57, setembro 2000)
Uma pessoa que tenha tomado três latas de cerveja provavelmente apresenta: