A palavra "discurso" remete a muitos significados. É comum que, ao ouvir a palavra, as pessoas a associem com uma exposição de determinado tema. Porém, discurso não se resume somente a isso. Há uma série de "discursos". Nesse texto você vai descobrir quais são os tipos de discurso. No final, faça também exercícios de vestibulares, para entender como o assunto pode cair em provas.
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Discurso é o modo em que são apresentadas as falas de personagens numa narrativa ou a fala de pessoas em textos não ficcionais como reportagens, outros tipos de matérias jornalisticas, textos dissertativos, etc.
Para compreendermos melhor cada tipo de discurso, é preciso entender o papel do locutor/ narrador no texto. O locutor/ narrador nada mais é que o “dono” da voz que dialoga conosco, ouvintes e leitores. O locutor/narrador também pode abrir espaço para vozes de outros personagens/ pessoas no texto, permitindo a manifestação de outras vozes.
Dessa forma, para que o leitor tenha acesso às falas dos personagens ou de determinadas pessoas, podem ser utilizados três tipos de discursos:
(...) Voltou três cartas sobre a mesa, e disse-lhe:
— Vejamos primeiro o que é que o traz aqui. O senhor tem um grande susto... Camilo, maravilhado, fez um gesto afirmativo.
— E quer saber, continuou ela, se lhe acontecerá alguma cousa ou não...
— A mim e a ela, explicou vivamente ele. (A cartomante - Machado de Assis).
Ou, também, pode vir entre aspas, como no exemplo a seguir:
(...) Mas existe algo na visão que não pertence à física. William Blake sabia disso e afirmou: "A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê". (...)
Adélia Prado disse: "Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra" (...). (Rubem Alves. trecho de A complicada arte de ver. Folha de S.Paulo, 26.10.2004)
(...) Outro dia, um diplomata português perguntou se a mulher bonita era realmente bonita(...). (Crônica de Nelson Rodrigues).
Um vago primo botânico convalescendo de uma vaga doença. (...) Qual doença tinha ele? Tia Marita, que era alegrinha e gostava de se pintar, respondeu rindo (falava rindo) que nossos chazinhos e bons ares faziam milagres. Tia Clotilde, embutida, reticente, deu aquela sua resposta que servia a qualquer tipo de pergunta: tudo na vida podia se alterar menos o destino traçado na mão, ela sabia ler as mãos (...). (TELLES, Lygia Fagundes. Oito contos de amor. São Paulo: Ática, 2003).
Sinha Vitória falou assim, mas Fabiano resmungou, franziu a testa, achando a frase extravagante. Aves matarem bois e cabras, que lembrança! Olhou a mulher, desconfiado, julgou que ela estivesse tresvariando.” (Graciliano Ramos, Vidas secas)
“Muito!”, disse quando alguém lhe perguntou se gostara de um certo quadro - e disse mais algumas palavras; mas mudou um pouco a posição do braço e continuou a se mirar, interessada em si mesma, com um ar sonhador. Rubem Braga, “A mulher que ia navegar”. (Rubem Braga, A mulher que ia navegar).
Discurso direto:
1. Voz do(a) personagem/ pessoa e distinção clara entre interlocutor/narrador e personagem/pessoa;
2. Uso de verbos de elocução e declarativos (dizer, afirmar, declarar, perguntar…);
3. Utilização de recursos gráficos como dois pontos, aspas, travessão, mudança de linha;
4. Melhor caracterização dos personagens advinda da possibilidade de maior expressividade.
Discurso indireto
1. Voz do narrador;
2. Menor uso de recursos gráficos para distinção entre narrador e personagem;
3. Uso de verbos de elocução e declarativos (dizer, afirmar, declarar, perguntar…);
4. Falas em orações subordinadas substantivas desenvolvidas ou reduzidas;
5. Narrador incorpora a fala dos personagens, transmitindo principalmente a essência do pensamento, sem grandes elementos que caracterize outras vozes.
Discurso direto livre
1. Junção de vozes do narrador e personagem;
2. Distinção imprecisa entre as vozes;
3. Maior liberdade sintática;
4. Narrativa mais fluente e elaborada.
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Vamos a alguns exemplos de transposição do discurso direto para o indireto:
Exemplo 1
Discurso direto - 1ª ou 2ª pessoa:
Disse o luar: “Espera! Que eu te sigo:
Quero também beijar as faces dela!”
E disse o aroma: “Vai que eu vou contigo!” (Olavo Bilac - Via Láctea).
Discurso indireto - 3ª pessoa:
Disse o luar que o aroma o esperasse, pois ele iria seguí-lo, pois também queria beijar a face dela.
E disse o aroma que o luar fosse, pois iria com ele.
Exemplo 2
Discurso direto - Verbo no presente:
- Não quero saber de nada.
Discurso indireto - Verbo no pretérito imperfeito:
Ele disse que não queria saber de nada.
Exemplo 3
Discurso direto - Verbo no pretérito perfeito:
Corri bastante esta manhã.
Discurso indireto - Verbo no pretérito mais-que-perfeito:
Afirmou que correra muito nesta manhã.
Exemplo 4
Discurso direto - Verbo no futuro do presente:
Faremos a prova na segunda-feira.
Discurso indireto - Verbo no futuro do pretérito:
Fariam a prova na segunda-feira.
Exemplo 5
Discurso direto - Verbo no modo imperativo:
Façam silêncio, crianças.
Discurso direto - Verbo no modo subjuntivo
Ordenou que as crianças fizessem silêncio.
Exemplo 6
Discurso direto - Pergunta direta:
Maria perguntou ao filho:
- Você faltou ao trabalho outra vez?
Discurso direto - Pergunta indireta:
Maria perguntou ao filho se ele tinha faltado outra vez ao trabalho.
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Assinale a alternativa em que ocorra discurso indireto.